31/12/2010


Naquele dia choviam estrelas e todos os contornos brilhavam. Mesmo os ventiladores velhos cheiravam a recomeço, reviravolta, limite e largada. Pensei ter visto um anjo, os cabelos levemente encaracolados, orgulhosamente despenteados pelo vento do verão. Levava livros como se fossem filhotes, falava como se houvesse verdade. Ele segurou minha mão quando tudo desabou, limpou as estrelas que escorriam pelas bochechas, acompanhou com habilidade o desespero que invadia, o novo que se abria e sorriu.

Maldita seja sua sexualidade duvidosa.
Malditos sejam seu ódio explosivo, sua curiosidade pelo novo, sua revolta.
Malditos seus aliados, suas lágrimas vazias, suas traições, seu ateísmo.
Maldita sua fala, sua língua e seu silêncio.
Malditas sejam suas mãos, seu carinho e seu amor.

Não deixe ele entrar.

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